Ilustrações
domingo, 7 de abril de 2013
Não há metáfora para tal silêncio...
O jardim quietou-se
e as laranjas caíram
- como perólas de ouro
no exercício pleno do esquecimento
Já tentei (re)inventar o tempo
e muitas vezes refiz o caminho
que um dia fizemos descalços
levando nos bolsos amanheceres e quereres
Ademais, costuro as lembranças com fios de trigo
cristalizo as uvas e os olhares
e desenho teus cabelos com as cores do pôr do sol
Pois estar contigo
é como ler Neruda em voz alta:
Poesia transubstancializada...
É como fabricar mistérios
e fazer do encontro uma porta aberta
por onde correm os desejos fugidios.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
...DOS MOMENTOS
E não é disso, pois, que a vida é feita?
de uma narrativa
de um encontro
de uma luta pela ocupação do espaço?
E se acaso aqui estamos
nós dois...
e todo o barulho, o marulho, todo o querer e todo estar
na luta dos olhos que se (des)encontram
e nas mãos que desejam outras mãos
... e, olha, lá vem o pôr do sol derrubando as nuvens!
não é disso, pois, que a vida é feita?
Todo encontro é uma luta
pelo tempo, pelo olhar, pelo tocar
pelo se desfazer e se reconstruir
no tempo e no espaço
nas praças e nas árvores
Olha, meu bem, o vento produz música
o espaço produz distâncias
e nós dois... ficamos assim
entre barulhos quereres árvores e praças
...é bom ficar assim
construindo momentos
E não é disso, pois, que a vida é feita?
de uma narrativa
de um encontro
de uma luta pela ocupação do espaço?
E se acaso aqui estamos
nós dois...
e todo o barulho, o marulho, todo o querer e todo estar
na luta dos olhos que se (des)encontram
e nas mãos que desejam outras mãos
... e, olha, lá vem o pôr do sol derrubando as nuvens!
não é disso, pois, que a vida é feita?
Todo encontro é uma luta
pelo tempo, pelo olhar, pelo tocar
pelo se desfazer e se reconstruir
no tempo e no espaço
nas praças e nas árvores
Olha, meu bem, o vento produz música
o espaço produz distâncias
e nós dois... ficamos assim
entre barulhos quereres árvores e praças
...é bom ficar assim
construindo momentos
E não é disso, pois, que a vida é feita?
domingo, 29 de janeiro de 2012
Caminhavam juntos...
Em dado momento deram-se as mãos
Nada foi dito
(era uma tarde quente e preguiçosa)
O mundo girava a medida que seus pés giravam o mundo
- uma esteira rolante que desvelava o horizonte
caminharam tanto que o sol se pôs...
de mãos dadas num silêncio tão bonito que enfim fez-se a noite
e o mundo girava sob seus pés
na monótona e rotineira sensação de mutação constante
Nada foi dito
(mas seguiram assim, dadas as mãos)
girando
girando
o mundo que lhes servia de cobertor
caminhavam e giravam juntos...
e até aqueles que estavam parados
(e que se debruçavam no parapeito das janelas)
sentiram o lento e triste mover do mundo
que girava ao tropar dos passos
Caminhavam juntos...
e como já foi dito: em silêncio
Eram nada mais que poesia sem palavras
caminhavam juntos em silêncio
...moinhos que giram o mundo
Em dado momento deram-se as mãos
Nada foi dito
(era uma tarde quente e preguiçosa)
O mundo girava a medida que seus pés giravam o mundo
- uma esteira rolante que desvelava o horizonte
caminharam tanto que o sol se pôs...
de mãos dadas num silêncio tão bonito que enfim fez-se a noite
e o mundo girava sob seus pés
na monótona e rotineira sensação de mutação constante
Nada foi dito
(mas seguiram assim, dadas as mãos)
girando
girando
o mundo que lhes servia de cobertor
caminhavam e giravam juntos...
e até aqueles que estavam parados
(e que se debruçavam no parapeito das janelas)
sentiram o lento e triste mover do mundo
que girava ao tropar dos passos
Caminhavam juntos...
e como já foi dito: em silêncio
Eram nada mais que poesia sem palavras
caminhavam juntos em silêncio
...moinhos que giram o mundo
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Da ausência e da memória...
Acho que só dói
quando lembro...
quando é ausência...
quando vem e não está
(quando é e já não mais)
só dói quando é ausente
quando lembro...
é furta-cores e furta-mundos
(furta-pérola)
que quando vem (pois lembrança), já não mais está
(pois ausência)
pássaro que se entrega
Quando lembro....
acho que só dói
quando lembro...
quando lembro...
quando é ausência...
quando vem e não está
(quando é e já não mais)
só dói quando é ausente
quando lembro...
é furta-cores e furta-mundos
(furta-pérola)
que quando vem (pois lembrança), já não mais está
(pois ausência)
pássaro que se entrega
Quando lembro....
acho que só dói
quando lembro...
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
I
E então você se vê
como uma palavra
inscrita num poema breve,
imenso e inacabado...
O que você gostaria de dizer?
Como eu posso ler os lábios teus?
És palavra, sou palavra
sois palavras...
II
Alguns se inscrevem como leis
alguns como se fossem dogmas
outros pretendem redigir o texto, burocraticamente
III
Eu... me inscrevo como poesia
(como sujeito-poema)
e eu te leio em poesia
e nós somos poesia, meu bem
pois nossas palavras se inscrevem no texto da vida
como poesia...
e nós somos palavras
és palavra, sou palavra
(e também silêncio-palavra)
IV
Viver, pois, no mesmo texto é falar da mesma coisa
com palavras diferentes
assim, somos palavras diferentes de um poema
que fala da mesma coisa
V
Pois bem, meu bem
Falemos de amor...
E então você se vê
como uma palavra
inscrita num poema breve,
imenso e inacabado...
O que você gostaria de dizer?
Como eu posso ler os lábios teus?
És palavra, sou palavra
sois palavras...
II
Alguns se inscrevem como leis
alguns como se fossem dogmas
outros pretendem redigir o texto, burocraticamente
III
Eu... me inscrevo como poesia
(como sujeito-poema)
e eu te leio em poesia
e nós somos poesia, meu bem
pois nossas palavras se inscrevem no texto da vida
como poesia...
e nós somos palavras
és palavra, sou palavra
(e também silêncio-palavra)
IV
Viver, pois, no mesmo texto é falar da mesma coisa
com palavras diferentes
assim, somos palavras diferentes de um poema
que fala da mesma coisa
V
Pois bem, meu bem
Falemos de amor...
sexta-feira, 3 de junho de 2011
...dos enigmas
Enigmas não se resolvem
se dissolvem...
o enigma de uma boca não é o beijo
Há enigmas no café da manhã
e nos bolsos da calça
Um dia ela me disse
com um ar de esfinge à meia-luz:
"interpreta-me e me devora"...
se dissolvem...
o enigma de uma boca não é o beijo
Há enigmas no café da manhã
e nos bolsos da calça
Um dia ela me disse
com um ar de esfinge à meia-luz:
"interpreta-me e me devora"...
domingo, 17 de abril de 2011
...do silêncio
Não me calo pela falta de dizer
afinal o silêncio não é feito de não-ditos
e o não-dito não é mais que o dito ainda não falado
pois se não o é, é pelo que não foi
mas não pelo que nunca será
Não me calo pela falta de dizer
mas calo pelo muito que falo em silêncio
me calo pelo falar às avessas
Se tanto eu não falasse aqui por dentro
talvez até dizer-te-ia algumas coisas
mas meu silêncio é cheio de coisas que te digo
mas não te disse porque já disse tanto
ora, meu bem
fico quieto pelo excesso
pois se muito eu lhe disser
ainda é pouco comparado ao não-dito
que lhe diz
pelo silêncio
tantas coisas...
tantas coisas...
tantas coisas, meu bem
tantas coisas...
tantas coisas...
afinal o silêncio não é feito de não-ditos
e o não-dito não é mais que o dito ainda não falado
pois se não o é, é pelo que não foi
mas não pelo que nunca será
Não me calo pela falta de dizer
mas calo pelo muito que falo em silêncio
me calo pelo falar às avessas
Se tanto eu não falasse aqui por dentro
talvez até dizer-te-ia algumas coisas
mas meu silêncio é cheio de coisas que te digo
mas não te disse porque já disse tanto
ora, meu bem
fico quieto pelo excesso
pois se muito eu lhe disser
ainda é pouco comparado ao não-dito
que lhe diz
pelo silêncio
tantas coisas...
tantas coisas...
tantas coisas, meu bem
tantas coisas...
tantas coisas...
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